segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

PERDÃO





Essa é a palavra que escolhi para esse final do ano. Não, não é nada fácil.

Perdoar não é simplesmente dar as costas e fingir que nada aconteceu. Perdoar é desatar do coração. É liberar o mal que corrói a nós mesmos. Soltar.

Só se é ferido por alguém, quando esse alguém teve ou tem algum poder sobre nossos sentimentos. Ninguém é magoado por um desconhecido ou uma pessoa sem importancia, não profundamente.

Então, se existe magoa, ela é o lado do avesso do amor, o seu oposto; o negativo se sobrepondo ao positivo. São amarras, laços, correntes que levam a lugar nenhum ou no máximo ás coisas do seu grupo; tristeza, depressão, rugas...

O amor pode se transformar em magoa, mas a magoa não se transforma em amor.  Daí o perdão, como um “delete consciente”. É complicado, porem necessário.
Afinal somos seres humanos e todos nós temos sentimentos, apesar de cada um lidar com eles de maneira diferente.

Perdoar é ser perdoado, como indefinidamente já fomos.
Assim como também ferimos e somos feridos, amamos e somos amados. O mais importante é amarmos a nós mesmos antes de tudo e de todos e nesse amor por nós, não pode estar incluído um sentimento cruel. Pelo contrário.

Já explicava Oscar Wilde em The Picture of Dorian Gray– a beleza vem de dentro.
E já que beleza é fundamental, por que não usar esse SPA? Perdoar, soltar, liberar, jogar fora o que não tem mais sentido e abrir espaço para o belo, o  famoso “começar de novo”, nessas paginas totalmente em branco de 2013.

Pra mim, especialmente, 2012 me deixou essa lição (repetidas vezes) que espero ter aprendido:
- Perdoe.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

INTOCÁVEIS



Nas vésperas do réveillon, nada melhor que um filme – história verídica – feito de ternura e alegria.

Roteiro adaptado do livro “O segundo suspiro”, de Philippe Pozzo di Borgo, executivo da casa de champanhe Pomery que ficou tetraplégico após um acidente de parapente, ele já é considerado como o de maior bilheteria do ano e com razão - visto por mais de 20 milhões de franceses e 32,5 milhões de espectadores na Europa  -.

Ambientado em Paris, focando o lado miserável da cidade em contraste com o dos bem nascidos, o assunto é a vida de Philippe (François Cluzet) um aristocrata rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico e procura um cuidador eficiente e confiável.

Em meio às entrevistas com gente capacitada, experiente e estudiosa do assunto, ele se depara com Driss (Omar Sy), um jovem argelino problemático, que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas,  recém saído da prisão, porém fortemente carismático e bem humorado.

A partir desse encontro nada convencional, um turbilhão de conflitos revela traumas e segredos de ambos os lados, o que resulta numa cumplicidade inesperada.

Dirigido por Olivier Nakache e Éric Toledano, Intocáveis recebeu  oito indicações ao César e rendeu a Omar Sy, o César de melhor ator.

Trilha sonora impecável e fotografia deslumbrante completam esse grande trabalho, que vale a pena conferir, nem que seja só para admirar as fantásticas atuações dos protagonistas.

Fica a dica para finalizar o ano brindando à esperança
Melhor ainda se for em boa companhia.
Nem precisa de pipocas...

sábado, 1 de dezembro de 2012

O BRILHO ETERNO DAS LEMBRANÇAS


Alguns afirmam, que depois da morte nascemos de novo, voltamos pra cá, muitas outras vezes, porem sem lembranças da vida passada, salvo raríssimas exceções.  Em alguns casos, alguns flashes e só. Eu, particularmente, tenho seríssimas razões para acreditar nisso.

De certa maneira, no decorrer da vida, acontece quase a mesma coisa. 

Outro dia revi um filme que trata disso: "Brilho eterno de  uma mente sem lembranças". Roteiro de Charlie Kaufman com Jim Carrey e Kate Winslet.

Catalogado como ficção, o filme é na verdade uma declaração de amor, por amor e pelo amor. Trata da ilusão, de que um dia tenha sido criada uma maquina, capaz de apagar da mente, as lembranças indesejáveis, doloridas, perturbáveis.

Toda a trama, ou grande parte dela é contada através da mente de Joel Barish (Jim Carrey). Ele e Clementine (Kate Winslet) terminam um caso bastante tumultuado e ele decide apagar as lembranças, através dessa maquina, principalmente depois de saber que ela (Clementine), já tinha apagado as suas.

O filme se desenrola (através da mente dele) pelos momentos felizes, infelizes e os problemas que juntos enfrentaram, deixando claro que para esquecer, antes é preciso lembrar. E nesse processo de eliminação das memórias, aos poucos, Joel toma consciência, de que não vale a pena perder aquelas lembranças, que bem ou mal, fazem parte da sua vida e dá início á luta contra ele mesmo, para não perder o único elo que sobrou da sua história de amor. As recordações de Clementine.

A história então, se transforma num dialogo entre a mente e as lembranças. A luta pela sobrevivência de uma das partes, dentro da mesma pessoa.

Um grande filme que trata de um assunto delicado, a tal ponto, que deixa uma questão no ar. – Por piores ou melhores momentos vividos, será que vale mesmo a pena esquecer?

No fundo a gente sabe que no decorrer da vida, mesmo sem essa maquina que apagaria as lembranças, elas certamente são apagadas, ou quase, de uma maneira ou de outra, até por conta do nosso próprio instinto de sobrevivência. Sabemos também de que nada adianta lutar para manter um elo, que fatalmente vai se quebrar.

Segundo os reencarnacionistas, nada é gratuito, nada é por acaso e o que não ficou resolvido, ainda será, feliz ou infelizmente. Quando e como o Universo quiser.

É ele o brilho eterno em nossa mente, por hora sem lembranças...


sábado, 17 de novembro de 2012

NINGUEM É UMA MONTANHA





“Todas as pessoas que não fazem barulho são perigosas” (La Fontaine)


Pode parecer ridículo, mas eu sou do tipo que chora até em propaganda de margarina. Meus amores viram paixão da noite pro dia. Daí faço musicas, conto e reconto a mesma historia, até me cansar...
Sou uma apaixonada, que briga, chora, arrebenta, pede perdão, ri á toa e ama sempre, cada vez mais. É isso que dá ser totalmente comandada pelo coração e talvez seja mesmo por isso que não consigo entender direito “as pessoas beges”, neutras, que ficam imobilizadas diante de sentimentos. Ficam mesmo?

Estive lendo sobre isso e o fato é que:
Todos nós, sem exceção vivemos intensamente nossos momentos. Uns exteriorizam, outros guardam, acumulam, dissimulam. Até o momento em que explodem os cacos de emoções não reveladas. Porque pra toda pressão existe uma válvula de escape e no caso dessas pessoas, essa válvula aguarda o momento oportuno, até  quando finalmente é pressionada  e deixa escapar um turbilhão de sentimentos e atitudes armazenadas, bem maiores do que as minhas, as suas, as da maioria. Um tsunami!
Talvez seja por isso que seu grau de agressividade é acima do normal, seus rancores têm raízes e seu sentimento de compaixão é inexistente, assim como o perdão e o amor.

Dentro do perfil de um serial killer, por exemplo, encontramos a dissimulação, o silencio fatal, ingrediente obrigatório. Sua válvula de escape é o assassinato. Em nenhum momento ele para pra pensar o que o outro pode estar sentindo. No seu mundo só existem os desejos dele. Nada mais. Por isso jamais se arrependem, não se acham culpados.
Em escalas menores, outros exemplos, menos patológicos, não são muito diferentes em relação à fraternidade ou a solidariedade. Podem até não ser tão perigosos, mas estão no mesmo barco.

No geral, por traz de um sorriso frio e um comportamento excessivamente padrão, existe um desconhecido. E vindo dele, tudo pode ser possível. Só não é possível a sinceridade.

Um dissimulador traz com ele a competência para mentir, falsear, roubar e até trair o seu melhor amigo.  Sua própria lei é tudo o que importa, mais nada. Ele é capaz de qualquer coisa por ele mesmo. Não existe culpa. Essa fica para os que choram, riem, amam apaixonadamente e se deixam tocar pelo sopro da vida. Não eles. Normalmente eles se colocam intocáveis. Quem sabe no fundo, seu estoque de culpas, seja maior do que o que revelam a si mesmos?

Trocando em miúdos, continuo me emocionando em filmes de Meg Ryan e preferindo seres humanos com defeitos estampados no rosto. Nada como um mar bravio, uma tempestade e depois um arco íris. Bem vindas as paixões, façam elas rir ou chorar, mas que se mostrem, que sejam. Com todos os erros e acertos comuns aos seres humanos; legíveis, legitimas, doloridas ou não.

Mas acima de tudo, que façam barulho.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

SÓ MAIS UMA PEÇA


... É como uma peça de teatro com dramas, tragédias e comédias e nunca sabemos quando um ator do nosso grupo vai deixar o espetáculo. E ele sai por inúmeras razões; foi contratado para outra peça (contrato irrecusável) seu contrato com nosso elenco acabou, não se identificou com o papel, enfim; ele sai. Mas às vezes também ele vai embora sem motivo aparente – um acidente, um engano...

Hoje é aniversário de alguém que estava fazendo um dos papéis mais importantes na minha peça- vida. E eu não tenho a menor ideia de onde ele esteja. Talvez esteja fazendo outra peça aqui perto e eu não o reconheça (eles sempre mudam o look), talvez tenha tirado férias, talvez esteja em algum lugar e acompanhando de longe o meu trabalho...

Só sei que ele faz muita falta. Será que ele sabe o quanto?
Será que contaram pra ele que mamãe está partindo lentamente, sofrendo a cada dia mais, ocupando o mesmo quarto que era dele, que era nosso. No mesmo lugar onde vivemos nossa adolescência, fizemos tantas canções, rimos, cantamos, conhecemos tantos sucessos?
Será que ele acompanhou a continuação da nossa história? A promessa que fiz e cumprí? Os capítulos em sequencia?

Não importa mais se ele sabe ou não, talvez fosse melhor que nem soubesse. O mundo não é mais o mesmo, de quando viajávamos por esse Brasil afora em festivais de música e as rádios tocavam as canções que o publico pedia. Não é mais aquele, em que saíamos na madrugada de Sampa, sem jamais pensar em assaltos ou outro tipo de violência e íamos parar no Guarujá só pra tomar um sorvete. -Desculpas nossas, pra trocar confidencias e conselhos durante o trajeto e “só pra variar”, tudo acabava em musica -.

Não, ele não sabia que “novos golpes” surgiriam . Na época nenhum de nós iria acreditar. “Coisa de filme”, diria ele. Éramos romanticos demais para crer, que na vida real existiam pessoas capazes de abusar, de uma ingenuidade assim.

Hoje é seu aniversário, mas seus amigos não virão aqui, não tem bolo nem festa, nem jantares.
Só nossas canções invadem a casa, bem baixinho, pra não acordar os fantasmas, ciumentos dessa saudade que eu gosto de ter.
Até que as cortinas se fechem, as luzes se apaguem e eu também abandone essa peça.


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

MÁSCARAS



Esgotados os perdões, esgotados os sinais. Fim da trilha.

O pior é que nem vou chorar quando fizer a tal famosa mixagem, que todo mundo faz, quando vêm á tona as lembranças dos bons momentos. Eles foram tão frágeis e tão comicamente fakes... 

Talvez eu fique triste, me fragilize, talvez me arrependa de coisas, segundo a regra básica de todas as histórias, depois fique com raiva, muita raiva. Da raiva à indiferença e da indiferença ao esquecimento e você vai se alojar na lista das sombras, como tantos estão.

Pena você não saber o que podia ter sido. Pena só saber do amor por você mesmo. Pena eu saber de antemão que nós nunca iriamos muito longe e mesmo assim, não ter dado ouvido a minha intuição. Pena ter te perdoado pela primeira vez. Depois da primeira, a segunda e depois da segunda, a terceira e depois da terceira...

Nossa história passou anos luz distante da minha realidade. E minha realidade, nunca esperou por esse você, tão infinitamente longe do caminho do meu coração.

Não me interessa mais viver por dois, ou por um, por você, como vivi tantos anos. Estou em tempo de resgate. Preciso resgatar a pessoa adormecida, sob os lençóis de uma ilusão caótica.

Nem vou fantasiar o seu pedido de perdão, como seria digno de um personagem de capa e espada, porque esse é um papel que você não sabe fazer. Não aprendeu. Só sabe viver a única coisa que te ensinaram a fazer – se nutrir de autoafirmação. Você precisa disso.

E ninguém mais vai mudar, não importa o que aconteça, não importa o tempo, nada. Você é o que é e eu sou o que sou. 

Eu sou minhas musicas, meus amigos, meu romantismo exagerado... 
Você é exatamente a sua própria ferramenta de trabalho.

Entre nós só houve uma primavera. As flores morreram por falta de calor.  O amor não passou nem por perto. Brincamos com máscaras, numa festa de máscaras e quando elas caíram, não sobrou nada.
Não me sobrou nem mesmo uma música...







sexta-feira, 25 de maio de 2012

NOVA LEI DIREITO AUTORAL



A partir de hoje, 25/05/2012, cópias para uso exclusivamente pessoal de CDs de música ou de livros didáticos deixarão de ser crime. A reivindicação é uma das mais antigas entre os que acham necessária uma renovação da lei de direitos autorais brasileira e foi aprovada nesta quinta-feira, 24, por um grupo de juristas que discute em Brasília revisões no Código Penal.

O Brasil tem uma das leis de copyright mais fechadas do mundo, segundo organizações como a Consumers International, e punia o então crime com quatro anos de prisão, enquadrando-o no quesito "violação do direito autoral". A partir de agora, cópias que não objetivam o lucro estarão liberadas.

O texto aprovado diz que "não há crime quando se tratar de cópia integral de obra intelectual ou fonograma ou videofonograma, em um só exemplar, para uso privado e exclusivo do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto". http://www.pegandodanet.com/2012/05/copia-para-uso-pessoal-deixara-de-ser.html

Portanto, as vendas de livros, filmes e CDs, agora foram literalmente dispensadas. –Quem vai comprar o que é de graça?
Imagino então, que as editoras de livros vão passar a trabalhar sem remuneração uma vez que não haverá receita ou mais; vão tirar do próprio bolso os custos para papel, impressão, etc . Os escritores irão escrever unicamente por amor a arte.
As gravadoras vão elas mesmas pagarem os músicos, estúdios e todo o “make” para elaboração de um CD. Tudo isso para “doar”. Sendo assim, os cantores vão fazer esse trabalho como voluntários e os compositores que passavam noites e dias trabalhando e depois negociando seu trabalho, irão criar por puro diletantismo.
Profissionais do cinema não poderão mais contar com bilheteria. – Quem vai pagar pra ir ao cinema se pode assistir de graça? (todos os filmes estão na internet- liberados para uso privado, claro)
É assim?
Então, o condomínio, supermercado, colégio, saúde, eletricidade, transporte, também serão gratuitos para esses profissionais? Sempre “para uso privado”. Não?? Como??
Se os outros produtos para sobrevivência não irão acompanhar essa festa, toda essa gama de profissionais terá que buscar outros meios de sobrevivência e sendo assim, as inovações culturais também chegarão ao fim, sobrando para o publico os produtos mais antigos que serão colocados a disposição – sempre para uso privado. Ou existe outro?
 ... E como no filme “De volta para o futuro”, anulamos a lei do direito autoral que garante a cada criador, o respeito e a remuneração por seu trabalho.
Mas continuamos pagando impostos para educação, saúde, transporte e salários para dirigentes da lei que anulam o pagamento para a cultura.
É isso mesmo ou um filme de ficção?
http://www.alessandrabourdot.com/cigarras-desempregadas/