sábado, 17 de abril de 2010

PEQUENOS DETALHES


Dizem que a gente só dá valor a alguém, depois que perde. 
Que valor é esse que aparece só na ausência? Á bem da verdade, eu acho que a maioria de nós se esquece de lembrar.
Lembrar o que fez com que o relacionamento chegasse no ponto final. Isso, geralmente, depois de muitas vírgulas e reticências.

Todos os relacionamentos passam por bons momentos, não fosse assim, não seria um relacionamento. Mas porque não, lembrar a verdadeira razão, que nos levou a conclusão, de que ser feliz sozinho é melhor do que sofrer junto? Não seria mais sincero, apesar de menos romântico?

Ninguém termina uma história á dois sozinho, do mesmo jeito que ninguém começa. Tudo é feito de comum acordo, salvo raríssimas exceções. Sendo assim, é sempre empate. Zero á zero.
O que fica são os “detalhes tão pequenos de nós dois”, que cabem muito bem numa canção, mas que feliz ou infelizmente, não são coisas tão grandes assim pra esquecer. Se fossem não haveria um final.

Eu continuo acreditando que amor pra ser amor só pode ser á dois, o resto é companheirismo, atração ou seja lá o que for. Não leva mais que alguns capítulos. O resto é costume e quem entendia bem disso era Oscar Wilde “a gente se habitua até aos nossos piores vícios”.

Tudo á ver esse “Samba do grande amor” do Chico na interpretação impecável de Wanda Sá e da Celinha Vaz – grande Celinha...

sábado, 3 de abril de 2010

CHICO XAVIER

Sábado de aleluia, chovendo, meio da tarde e o cinema lotado. Fila enorme e a sala completa. Que filme é esse? – Chico Xavier.
Como de praxe, um filme que tem a direção de Daniel Filho é sinônimo de sucesso e esse, especialmente pela biografia contada, baseada no livro de Marcel Souto Maior, não poderia deixar de ser.
É a história de uma criança diferente das outras, tímida, calada, sofrida, que tinha como confidente sua mãe – já morta – e seus amigos desencarnados.
Acho que a maioria dos brasileiros conhece sua vida, sua dedicação e a grande ajuda prestada não só as familias que buscavam mensagens de entes queridos, mas tambem a justiça, desvendando crimes insolúveis através de confissões psicografadas de vítimas.
Um filme assim em outras épocas, seria alvo de chacotas, ironias e descrença. Hoje em dia o assunto, mesmo para os descrentes, merece o devido respeito.
Fui criada ouvindo sobre kardecismo por parte do meu pai, apesar de estudar em colégio católico. Crescí no meio do caminho, até que comecei a questionar um lado e o outro. Através do tempo, dos acontecimentos em minha vida e de estudos da história geral encontrei mais sentido nas explicações espirituais, que nos mistérios convencionais e mesmo não sendo frequentadora dessa ou daquela, cheguei ás minhas próprias conclusões (até por uma questão de lógica).
Assim como Chico Xavier, meu pai tambem foi incompreendido por um longo período, mas ser incompreendido, não era tão importante pra ele. Sua missão (segundo ele) era educar seus filhos, prover sua família e manter a paz, enquanto estudava, lia, escrevia e rezava, todas as noites, quando chegava do trabalho.
Foi com ele que aprendí a ler e escrever, conhecer cada músico erudito (vida e obra) literatura, pintura e a respeitar todas as crenças. Foi com ele que aprendi a perdoar e ajudar sempre que possível, quem quer que fosse. Só mais tarde descubri que essas são as regras primordiais do kardecismo.
Talvez tenha sido por todas essas coisas que entrei no cinema, cheia de dúvidas e sai de lá em paz.
Pode ser que ele próprio tenha estado lá rezando com Chico, comigo, com todos, a mesma oração que me ensinou quando eu era pequena:
“Pai Nosso....”