quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

MUDAR DE CARA

Outro dia recebi uma mensagem de alguem que me perguntava " ... que elementos tem que ter uma música para ser, Pagode, Rock, Samba, Axé, Sertanejo, Rock Progressivo, etc, ou qualquer música? "
Na minha opinião, a música começa com o ritmo, (Pagode, Rock, Samba, Axé, Sertanejo, Rock Progressivo, etc). Partindo daí, a gente passa para a harmonia musical, que vai de encontro ao ritmo, claro. Como fazer um pagode com frases musicais dissonantes? Como fazer uma bossa com acordes simplificados? Fica estranho. Cada estilo de música pertence a um grupo e cada grupo tem suas peculiaridades.
" Pode se transformar um rock em uma canção?" - Até pode, mas nessa mudança óbviamente, preserva-se a melodia, mas não os acordes. Os acordes de um rock em sua maioria são diferentes de uma balada. Assim como os acordes de uma baladas são diferentes dos acordes de um samba. Dá pra revestir a música de uma outra maneira e muitas vêzes fica bem interessante, mas tudo tem que ser mudado, versionado para o outro estilo.
Existe um artigo no código de direito autoral dizendo que não é admissivel descaracterizar uma canção a não ser que os autores concordem. Como autora, pessoalmente eu não gostaria de ver minha canção ser totalmente transformada, como quem fez uma cirurgia plástica e virou outra pessoa... Se gostasse, teria feito desse jeito. Valeu, pra você?

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Borges


Um pouco do grande J. L. Borges pra refletir nesta sexta...
"Porque cada persona que pasa en nuestra vida es única. Siempre deja un poco de si y se lleva un poco de nosotros. Habrá los que se llevarán mucho, pero no habrá de los que no nos dejarán nada. Esta es la mayor responsabilidad de nuestra vida y la prueba evidente de que dos almas no se encuentran por casualidad".

(Porque cada pessoa que passa por nossa vida é única. Sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós.Haverá os que levaram muito, porém não haverá aquêles que nada levaram. Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e prova evidente de que duas almas não se encontram por casualidade)

sábado, 16 de fevereiro de 2008

ENTREVISTA ON LINE

Mais um site em homenagem ao Roberto, mais uma entrevista dada. Muito simpático o site e o responsável por êle, o Felipe. O tempo passa e o nosso "rei" continua tão amado como antes (ou mais). Depois dizem que o povo brasileiro esquece dos seus ídolos. Depende do ídolo; rei que é rei nunca perde a majestade (essa é antiga, hein?). Já tá no ar http://www.reyrobertocarlos.blogspot.com/

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Henri Salvador

Ontem, dia 13, Henri Salvador cumpriu sua bela missão por aqui. Foram 90 anos que esse canceriano de 18 de julho viveu na Terra, compondo e gravando canções, de diversos estilos como Dans mon Ile - que segundo consta, foi fonte de inspiração para Tom Jobin -e em troca regravou "Eu sei que vou te amar" na versão francesa "Tu sais je vais t'aimer". 

Nascido na Guiana Francesa em 37, se mudou para a França com 12 anos e foi o primeiro artista a gravar temas de rock'n'roll na França, escritos sob o pseudônimo de Henry Cording, e em parceria com dois artistas importantes: Boris Vian e Michel Legrand. 

Quem diria que alguém chegaria ao máximo do sucesso aos 60 anos de idade? Aqui na América do Sul, é um fato improvável, mas lá no velho continente parece que não. Foi o que aconteceu com ele, que nos deixou belas canções além do seu comprovado amor pelo Brasil, onde morou por 4 anos na época da guerra. 

Não consigo ficar triste por ele ter partido, só posso aplaudir. Toda a sua vida correu atrás do reconhecimento e não importa quando, ele finalmente conseguiu e partiu consciente da missão cumprida. Parabéns. Bravo! 

Aqui no Brasil, a gente não tem mais acesso ás informações culturais da Europa, como tínhamos nos anos 60. A mídia é americana, lembra? Nessa, a gente está perdendo coisas importantes e que nos seriam extremamente úteis e eles continuam achando que Garota de Ipanema é nosso único sucesso, que todos moramos em favelas e que o Rio de Janeiro continua lindo. Cadê a globalização?
Boa viagem Henri Salvador, acho que você não está perdendo grande coisa...



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

PASSARINHO


Feito um passarinho, depois da tempestade,
Alma sobrevivente de um certo naufrágio,
Consigo me lembrar do último presságio
E vislumbrar a luz de uma próxima terra...
As asas ainda frágeis, úmidas, salgadas,
Das lágrimas densas, por clara insensatez,
O cansaço presente por mera stupidez,
Ferida mas inteira ; Como quem vem da guerra .
Aquela imagem nossa, tão tua, tão minha,
A cada pesadêlo foi se desintegrando.
Quanto mais te lembrava mais fui te desamando,
Até que se apagasse, zombando de mim
E eu me alimentando de qualquer ajuda,
O peito ensanguentado, voando, voando,
Os olhos embaçados, arfando, arfando,
Eu fui batendo asas, sem rumo, sem fim...
Até que o horizonte se abrisse de nôvo
E eu redescobrisse através dos ventos
Num sol que renascia ainda sonolento
Um pouco de calor, um sinal, um caminho
Então voei com toda a coragem que eu tinha,
Que ainda me restava depois da tempestade.
Um pouco assustada ainda me dói, me arde,
Mas eu não me esqueci de ser um passarinho .

Isolda

sábado, 9 de fevereiro de 2008

DESEJO E REPARAÇÃO


Está aí nas telas de Sampa, um filme inglês que faz a gente pensar e repensar sobre o quanto o poder de nossa imaginação pode gerar fantasias e consequências reais irreparáveis. 

Desejo e Reparação (Atonement). E´uma adaptação - fiel - do livro de Ian McEwan, que faturou diversos prêmios literários. Dario Marianelli assina a trilha sonora, muito interessante, dentro de um arranjo com percussão de antigas máquinas de escrever, apresentando a personagem principal, ainda criança, mas já escrevendo sua primeira história. Linda fotografia, inteligentes diálogos, com direito a surpresa no final do filme. Amei.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

CASTELOS NO AR...

Estou tão acostumada a viver novas situações, que procuro me adaptar a tudo e sempre esperar o melhor de cada história. 
Na verdade, eu não perco essa velha mania de construir castelos no ar e acreditar que a vida não passa de um filme americano, desses com Meg Ryan, onde tudo acaba em happy end .
Só que muitas vezes os castelos são destruídos, demolidos ou simplesmente se dissolvem e nessa hora, em que um velho castelo desaba, ele não leva com ele os hábitos adquiridos, as histórias (boas ou não) que se viveu ou se investiu emocionalmente. Ainda restam os escombros.

Nesse momento não existe sinceridade na frase "foi melhor assim", porque não importa o numero de anos que a gente acumule, o tanto de experiências, os livros que leu, os filmes que viu... Perda é perda e em cada perda, a gente morre um pouquinho...

Feliz ou infelizmente, não se faz uma história sem dramas. Que sucesso faria um filme, sem cenas de tensão? Que valor teria a felicidade se ela se tornasse diária? Isso me lembra uma frase - Que prazer teria o prazer se fosse só prazer?
Quanto aos castelos antigos, é bem provável que eles deixem de existir com a unica finalidade de liberar o terreno para construção de um novo castelo. E´bem por aí. Pessoalmente, eu já vi muito esse filme. 
Percebeu, onde entra o happy end?.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

CHUVAS


Sem qualquer razão, resolvi visitar ontem algumas praias do litoral norte. A intenção era chegar, conhecer e partir. Só não previ que apesar do sol no inicio da viagem, a chuva iria me surpreender no meio de uma simpática praia dentro de Bertioga. 

Num piscar de olhos tudo que era lindo se tornou triste, incômodo, feio e no entanto era a mesma praia que alguns minutos atrás era bonita, colorida e feliz. Mudei de praia, a chuva continuou e a sensação de falta de beleza continuou também. Tudo só voltou a ser alegre, aconchegante e bonito quando cheguei em casa. Apesar da chuva.

Isso me fez pensar nos nossos sentimentos em relação a algumas pessoas. Por mais que sejamos as mesmas pessoas que éramos no inicio do relacionamento, as mágoas, as diferenças - chuvas -, tornam o relacionamento desinteressante, como se de repente, ficassem evidentes os defeitos e cada vez maiores as diferenças . Com outras não. Ao contrário; as intempéries, as diferenças de temperamentos, aproximam, constroem cumplicidades.
Portanto, a prova é a chuva, de preferência, a tempestade que pode unir ou afastar. Revelar. É por isso que eu gosto das chuvas.- Foto da praia de Ubatuba (com chuva) -

sábado, 2 de fevereiro de 2008

CARNAVAL


Sábado de carnaval de 2008.
O carnaval brasileiro - ou os desfiles de carnaval - é sem sombra de dúvidas, uma festa para turistas, já que as únicas referências que eles têm do Brasil são filmes, que enfocam o nosso lado miserável, as favelas, a corrupção, os crimes, as crianças abandonadas ou pior; as crianças exploradas de todas as maneiras.
Lá fora ninguém sabe (até porque fazem questão de esconder), que temos na cidade de São Paulo, por exemplo, os bairros dos Jardins, o Pacaembú, o Morumbi, Higienópolis, a região de Alphaville com seus palacetes deslumbrantes, que fariam inveja à muitos bairros estrangeiros, o Centro todo renovado, os 32 parques como o Ibirapuera que abriga mais de 100 espécies de aves, os 71 museus, dezenas de espaços culturais, 12.500 restaurantes, 280 salas de cinema, 240 mil lojas, 800 linhas de onibus para 11 milhões de habitantes em nossos poucos 454 anos de vida. Como será daqui mais 400?
Todas as grandes cidades do mundo têm seu lado obscuro, seu lado pobre, violência, corrupção, etc, mas nem todas fazem marketing disso. Por que não podemos ser mais sinceros e mostrar nossa realidade com os dois lados da mesma moeda? Não dá mídia?
Pessoalmente, quando mostro minha cidade a um amigo estrangeiro, eu faço questão de mostrar a outra opção da cidade onde vivo, onde a primeira praia fica à 70 km da capital (e posso ir á praia o ano inteiro se eu quiser, já que aqui não existe neve, nem guerras, nem terremotos, nem ataques terroristas)...
Mas nada disso é divulgado, exceto o carnaval - um lindo espetáculo internacional - e as favelas. Ok, isso é Brasil, mas como boa nativa posso dizer de cátedra; nós somos também mais do que apenas isso. - Foto do lago do Parque Ibirapuera á noite-

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

MEU NOME NÃO É JOHNNY- OUTRA VEZ



E´muito bom quando a gente faz parte de um bom trabalho e foi isso que aconteceu comigo, recentemente, em relação ao filme "Meu nome não é Johnny", onde a música Outra Vez faz parte da trilha musical. 
E´interessante pensar que eu tenha feito uma música que está presente na mídia há 30 anos. Por mais músicas e músicas que eu tenha feito, gravado, executado em novelas, filmes, etc, é exatamente essa, que faz com que as pessoas mais se identifiquem. 

Como autora, eu gosto dessa canção assim como, gosto de outras que eu fiz e que não tiveram a mesma repercussão. Por que essa escolha pública?

Depois de tantos anos de vida profissional, ainda existem coisas que jamais vou compreender, talvez porque não tenham mesmo explicação. Quem explica o sucesso? Talvez seja uma mistura de técnica e honestidade. Ou uma questão de chance, de sorte; a música apareceu no momento certo, lançada pela pessoa certa e com boa dose de sinceridade. É isso? Ninguem explica. Quem um dia conseguir explicar, vai matar a galinha dos ovos de ouro, vai acabar com o mistério e é exatamente esse mistério mais um dos componentes do sucesso.
Parabéns aos realizadores do filme, parabéns ao ator que soube brincar e se sair bem nessa brincadeira. Valeu!