quinta-feira, 24 de setembro de 2009

SÓ PODE SER PRAGA DE DENTISTA...


Tá bom, eu dei mesmo um tempo no blog, mas juro que por motivos justos.
Tudo começou depois de um mal entendido com meu dentista e eu resolvi procurar outro.


Minha amiga que tinha acabado de fazer um tratamento dentário me garantiu que seu dentista era calmíssimo, atencioso e um excelente profissional. Ela mesma ligou pra ele que em seguida me ligou. Eu disse a ele que o único problema era que seu consultório ficava no 11º andar (detesto elevadores) caso contrário eu gostaria de fazer um orçamento com ele. Uma hora depois ele me ligou, dizendo que sua irmã tinha um consultório (casa) e ele até poderia me buscar e irmos juntos pra lá. Muito gentil, pensei. Fomos até lá e no caminho ele me contou que era compositor, mas tinha preferido se dedicar a odontologia, etc. Olhou minha boca e me pediu uma panorâmica (foto da boca inteira). Em seguida fez questão de me deixar em casa e uma hora depois me ligou pra pedir que eu não esquecesse de fazer a tal panorâmica. Depois me daria o orçamento.
Só que no dia seguinte eu fui procurada por um oficial de justiça que me entregou uma carta, onde um juiz de Brasília me obrigava a pagar (em 24horas) as custas de um processo (de dez anos atrás) que eu nem sabia que tinha perdido.
O caso foi o seguinte: Uma editora de Brasília publicou um livro com todo o repertório musical que Roberto Carlos gravou e no meio das musicas havia uma musica minha e de Sérgio Sá que saiu no livro em nome de Roberto e Erasmo (erro que poderia ser facilmente corrigido, ok?). Liguei para a editora, pedindo pra que corrigissem esse erro. O responsável por ela me disse que não iria corrigir nada, que não iria perder seu tempo com compositores e que se eu quisesse que processasse a editora. Liguei pro meu parceiro nessa música (Sérgio Sá) que me indicou um advogado especializado em direito autoral. O advogado me aconselhou a entrar com um processo contra a editora. Porem, esse “excelente advogado” conseguiu perder a causa e nem me avisou. Por isso o oficial de justiça, me dando 24 horas para pagar. E em Brasília! Contatei um advogado (esse, confiável, mesmo) que me passou para um colega seu de Brasília, para resolver o caso, ou seja; pagar o mais rápido possível. Só que essas coisas não são tão simples como parece ser ainda mais se tratando de um caso em Brasília e eu estando em São Paulo.
Enquanto isso, o dentista me ligando...
Nesse meio tempo, minha mãe me ligou chorando por ter caído em outro golpe do telefone (esse mais sofisticado). Alguém ligou pra ela se passando por meu filho e pedindo um dinheiro emprestado. Segundo ela, essa pessoa ligava várias vezes por dia e pedia que ela não contasse pra ninguém. Depois de alguns dias de telefonemas, ela concordou em “emprestar” e entregou dois cheques (em torno de 20.000,00) a um moto boy, que depois disso lhe enviou flores! Coisa de filme! Ainda estou em processo de correr atrás das microfilmagens dos cheques (cada um num banco).
E o dentista me ligando...
Enquanto eu corria atrás dos documentos para enviar para Brasília, dos cheques roubados e tentando contornar a história do dentista, meu marido (francês) descobriu um site chinês e ficou encantado com os preços oferecidos. Entusiasmado, começou a comprar tudo o que via pela frente e esperou pela encomenda que viria da China.
Não deu outra. Recebemos um telegrama dos correios, avisando que pela quantidade de compras, a encomenda tinha sido caracterizada como “remessa comercial”, portanto devíamos explicações ao órgão aduaneiro.
Foi aí que meu dente começou a incomodar (em pleno sábado à noite) e eu liguei pro dentista que afinal, insistia em me receber como sua paciente. Marcamos em seu consultório (11º andar) pro dia seguinte.
Acordei de manhã com o telefonema do dentista querendo confirmação que eu estaria lá. Confirmei. Já estava saindo, quando ele ligou de novo querendo saber se eu iria mesmo!

Fomos pra lá; Jack e eu. O dentista cuidou do meu dente (apesar de aparentemente nervoso) e aproveitou pra dar (finalmente) o orçamento. Por volta de R$ 30.000,00. Perguntou se o Jack não queria um orçamento também. Bom, já que estamos aqui... R$20.000,00. Em resumo, nossas bocas beiravam o preço de um bom carro. Mas, ele alegou, poderia fazer em vários cheques (adiantados, claro). Ficamos de pensar nessa “negociação”.
Na manhã seguinte acordamos com o telefonema dele (de novo) Queria saber quando a gente estaria lá pra começar o tratamento e o pagamento que segundo ele, poderia ser negociado. Eu disse que entraria em contato.
Algumas horas depois, eu estava resolvendo o problema da documentação que teria que seguir pra Brasília, quando o dentista ligou novamente.
- E aí? Você não vai começar esse tratamento? Se não vai, fala logo, porque eu tenho meus compromissos.
Daí, eu fiquei mesmo assustada.
- Pra falar a verdade, eu... (disse eu)
Ele não me deixou completar
- E o Jack? Não vai fazer também? Ninguém vai fazer nada?
Daí o Jack não agüentou e começou a falar do meu lado, bem alto (em português, com sotaque)
- Não vou fazer tratamento nenhum não, na minha terra os dentistas não são assim.
- Nem aqui, eu disse pro Jack
- Olha aqui, disse o dentista visivelmente nervoso, quando eu tiver tempo, eu ligo pra vocês. E desligou.
Pelo ritmo das ultimas semanas, parece que ele tem bastante tempo, então cada vez que o telefone toca em casa, ninguém quer atender...
- É o dentista!!! - Já pensou?