sábado, 5 de fevereiro de 2011

O ULTIMO TANGO

O ultimo tango em Paris (Bernardo Bertolucci), um filme muito mais poético que erótico, que discursa abertamente sobre a intimidade do ser humano, é lembrado mais uma vez pela partida da sua protagonista Maria Schneider, desconhecida na época, com apenas 19 anos que conheceu o sucesso mundial do dia pra noite.

Segundo consta, a idéia do filme apareceu a partir de uma fantasia de Bertolucci, que um dia viu uma linda mulher desconhecida nas ruas e imaginou toda uma história com ela.

Só que o filme não é apenas isso. Apesar de ser lembrado principalmente pela “cena da manteiga”, isso é o menos importante. Busca desvendar conflitos e segredos que a sociedade insiste em esconder. Como numa das falas de Marlon Brando, justamente naquela famosa cena: “Sagrada família...Diga! As crianças são torturadas até mentirem. A vontade é esmagada pela repressão. A liberdade é assassinada pelo egoísmo...”

Apesar do imensurável sucesso do filme, Maria Schneider se arrependia e culpava Bertolucci por esse trabalho. Depois de “O ultimo tango”, ela não conseguiu mais um sucesso a altura e se entregou ás drogas e ao desespero. Sua vida pessoal e artística foi marcada por escândalos e decadência.

Poderia ser feito um filme sobre o filme, uma vez que a polemica e os casos acontecidos durante e depois das filmagens dariam um grande roteiro.

No seu lançamento, a revista New Yorker considerou o mais importante filme da década “mudando a face de uma forma de arte, um filme que as pessoas esperam desde que filmes existem...” Porem o Village Voice descreveu passeatas de comitês de moralidade na porta do cinema.

Na França o Le journal de Dimanche, classificou como “um dos maiores filmes da história” e as pessoas aguardavam em fila durante duas horas no seu primeiro mês de exibição.

No Chile, o filme ficou interditado por 30 anos.

No Brasil, só pode ser exibido no Brasil em 1979 (sete anos depois) por causa da ditadura

Na Itália o filme foi lançado, mas uma semana depois a policia confiscou todas as suas cópias, por ordem da Justiça e processou Bertolucci por obscenidade. Depois disso, a Suprema Corte Italiana ordenou que todas as cópias fossem destruídas e condenou Bertolucci a quatro meses de prisão e seus direitos civis e políticos cassados por cinco anos.

A trilha sonora do compositor argentino Gato Barbieri, ganhou um Grammy pela trilha. Depois disso ele assinou com uma grande gravadora e lançou uma série de lançamentos pop/jazz de gosto duvidoso, permanecendo inativo pelo resto da década. Nunca mais foi o mesmo.

Marlon Brando, apesar de ter sido indicado ao Oscar como melhor ator e Bertolucci, como melhor diretor, declarou que jamais faria um filme desses de novo e cortou relações com Bertolucci.

Maria Schneider morreu em Paris, com 58 anos, triste e decepcionada, vítima de câncer, quarta feira passada. A maior referencia dela é ironicamente, justamente o filme que ela se arrependeu de ter feito.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

SOMEWHERE IN TIME - JOHN BERRY

Uma das musicas mais românticas dos últimos tempos, foi criada para um filme, baseado num livro ainda mais romântico e especial "Em algum lugar do passado".

Quem não conhece? Eu mesma, li o livro, assisti ao filme ( com o querido Christopher Reeve) varias vezes e não adianta nada conhecer o final. As emoções são as mesmas, as lágrimas também.

Sabemos que a emoção de um filme se deve em grande parte a sua trilha.

Domingo passado nos despedimos do criador dessa obra musical e de outras tantas de igual valor, como a trilha de "Entre dois amores", "Dança com Lobos", Perdidos na noite, James Bond, etc.

John Barry nasceu na Inglaterra, estudou piano e trompete e em 1957 formou uma banda de rock “The John Barry Seven". Mas seu sucesso aconteceu na televisão e no cinema, o que lhe deu cinco Oscars e um premio especial do Bafta (Oscar britânico).

Como todo artista que se preze (aliás, não sei porque razão) foi casado varias vezes e vivia nos Estados Unidos com a atual mulher há mais de 30 anos.

Assim como Cole Porter, os irmãos Gershwin, Michel Legrand, Maurice Jarre, ele também há de ficar, eternizado em suas canções.

A alma de um artista é seu trabalho. Se a alma é eterna, a arte é atemporal.

Have a nice trip Sir Barry.

Somewhere in Time