segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

PASSARINHO


Feito um passarinho, depois da tempestade,
Alma sobrevivente de um certo naufrágio,
Consigo me lembrar do último presságio
E vislumbrar a luz de uma próxima terra...
As asas ainda frágeis, úmidas, salgadas,
Das lágrimas densas, por clara insensatez,
O cansaço presente por mera stupidez,
Ferida mas inteira ; Como quem vem da guerra .
Aquela imagem nossa, tão tua, tão minha,
A cada pesadêlo foi se desintegrando.
Quanto mais te lembrava mais fui te desamando,
Até que se apagasse, zombando de mim
E eu me alimentando de qualquer ajuda,
O peito ensanguentado, voando, voando,
Os olhos embaçados, arfando, arfando,
Eu fui batendo asas, sem rumo, sem fim...
Até que o horizonte se abrisse de nôvo
E eu redescobrisse através dos ventos
Num sol que renascia ainda sonolento
Um pouco de calor, um sinal, um caminho
Então voei com toda a coragem que eu tinha,
Que ainda me restava depois da tempestade.
Um pouco assustada ainda me dói, me arde,
Mas eu não me esqueci de ser um passarinho .

Isolda

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo! Amei!