“A Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Câmara aprovou ontem, em caráter conclusivo, projeto que
autoriza a divulgação de imagens, escritos e informações biográficas de pessoas
públicas, mesmo sem a autorização da pessoa ou de parentes do biografado (Projeto
do deputado Newton Lima (PT-SP). A proposta altera o artigo 20 do Código Civil para
incluir a possibilidade de divulgação da biografia sem autorização quando a
trajetória pessoal, artística ou profissional da pessoa tenha dimensão pública
ou haja interesse da sociedade em sua divulgação”. (www.camposebastos.adv.br)
Portanto, quem quiser escrever
histórias intimas ou fictícias sobre alguém famoso, está liberado. Vale tudo.
Mais do que invasão de domicilio,
estaremos vivenciando “invasão de ordem particular” sem mais alguma proteção.
Na verdade, nós já estamos
acostumados com invasões.
Dia 22 de abril no ano de 1500,
Portugal invadiu o país que tinha em sua população indígena, um idioma, uma
religião e estrutura de vida, a sua maneira, vivendo sob as leis da natureza, contrária
a estrutura de vida europeia. Daí nossos colonizadores nos obrigaram á ferro e
fogo, tortura e impostos a dizer: “O Brasil foi descoberto”. Descoberto o que já existia?
Muitas invasões depois, agora, outra invasão:
Qualquer pessoa pode publicar o
que vier a cabeça, sobre quem quer que seja (contanto que seja famoso), que a lei
estará de acordo.
Pelo que dizem, esse projeto teve
inicio depois do veto de Roberto Carlos sobre um livro que contava “sua vida” e
de outros, á sua volta. Li algumas páginas desse livro e me diverti muito com
tantas mentiras e (diga se de passagem) hilária criatividade, que o autor usou
para contar minha própria passagem, nessa história. Fiquei sabendo, que o autor
lucrou bastante, principalmente depois, quando dava palestras sobre o que andou
escrevendo.
Acredito que a partir dessa
liberação, outras histórias virão, outras versões serão publicadas. Só fico
imaginando o lucro que as editoras terão com essa liberação.
O que você acha de ler absurdos ao
seu respeito? Coisas que jamais existiram, palavras que nunca disse e fatos que
não aconteceram? E da maneira mais pejorativa possível, claro. Só assim se
vendem livros, dessa natureza.
Será que o autor dessa lei,
gostaria de ver sua vida contada em versão escandalosa e mentirosa, sem armas
pra se defender?
Essa noticia me deixou
sensibilizada e me fez sentir um pouco mais desprotegida, dentro de um país que
dá tão pouca importância aos seus artistas, ás pessoas que trazem orgulho pra
essa terra, tão cruelmente abatida por corrupções, (nem todas reveladas ainda)
e com tão pouca divulgação da sua riqueza natural.
Porem e como sempre, existe os
dois lados da mesma moeda. Assim como estarão expostas as verdades, as mentiras
e calúnias em relação ao meio artístico, também estarão expostas as intimidades
de toda e qualquer pessoa pública.
Como dizia Oscar Wilde “Há apenas uma coisa no mundo pior
do que falarem mal de você: Não falarem sobre você”.
Essa máxima serve bem ao artista.
Mas será que serviria também e na mesma proporção á todos que aprovam essa lei? Salve-se quem puder.
2 comentários:
Olha Isolda,
esse assunto é muito delicado mesmo. Porque isso é um "carimbo" de que ser artista é sinônimo de abrir mão de sua privacidade, de sua história, de sua biografia, para outros usarem como bem entenderem. Nenhuma outra profissão dá esse direito a quem dela se beneficia ou a quem beneficia.
Imagina você, uma compositora tão renomada, de repente sabe que alguém está contando sua história e do jeito que aquela mente criou. Você se sentirá um enredo de uma novela e o pior é que muitas dessas histórias, ao invés de humanizar, chegam a desumanizar o artista!
É triste eleger alguém que vai criar coisas para beneficiar aproveitadores!
Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com
Um forte abraço a todos!
Mais do que triste, Everaldo, isso é violação a privacidade. Porque podemos abrir um processo contra calunia, mas até esse processo ser ativado, muita gente ja leu, acreditou nas mentiras e a difamação está feita.. Não se trata de censura, mas de proteção a dignidade alheia. É assim que eu vejo.
Postar um comentário