Às vezes a gente
precisa se desfazer de alguma coisa por varias razões; desocupar espaço, gerar
recursos, ou porque resolveu que não quer mais mesmo. As minhas tinham um pouco
disso tudo, quando eu coloquei meu carro a venda.
Depois de receber
varias propostas e nenhuma delas chegar perto do que eu esperava, alguém se
ofereceu para pagar quase o que eu pedia. Como era quase, eu aceitei. Só não
sabia o que viria depois.
Logo em seguida
percebi que sua proposta era um pouco mais complicada. Não morava na mesma
cidade que eu, teria que fazer alguns acertos etc.
No dia seguinte,
lembrei que eu mesma precisaria do carro por alguns dias. Avisei ao comprador,
mas ele parecia que não estava entendendo. Ligava todos os dias e várias vezes
ao dia. Comecei a me estressar e ele, pedindo meu CPF e nome completo, no seu
ininteligível português (nos emails e ao telefone).
Eu tenho um sério
problema; fico muito nervosa quando escuto uma frase “com certos erros de um português
ruim”. Mas venda é venda, apesar dele estar mais interessado no tipo de
pagamento do que no carro.
Nenhuma dúvida,
nenhuma questão, a não ser a forma como iria pagar. Achei estranho, porque se ele
nem conhecia meu carro, nunca tinha visto antes, porque estava tão interessado assim, exclusivamente na parte final? Comprar um carro, na minha opinião, não é comprar um
livro do catálogo. Tipo – manda por SEDEX que eu pago com cartão...
Comecei a sentir
aquela antiga sensação que sempre chega, quando tem alguma coisa errada na
história.
No dia combinado, me
avisaram da portaria que ele estava lá e eu desci com todos os documentos na
bolsa.
Decididamente, esse
cara chegou a me deixar apreensiva. Nem me cumprimentou. Parecia estar muito
zangado, falando que o carro não era o que ele estava pensando, que tinha mais
quilometragem do que o anunciado (era a mesma do anuncio), que o antigo dono
(antes de mim) era do Rio de Janeiro e ele não confiava em pessoas de lá etc.
Bom, vamos ás outras
documentações. IPVA – Por que foi pago com multa? – Sem resposta. E o DUT?
(documento de transferência). Eu revirei minha bolsa, olhei novamente todos os
documentos e não achei. - Não estou achando, será que eu perdi? Ele parecia
explodir.
- Como pensa que vai
vender um carro, sem documentos? Então me fez vir até aqui, viajei muito, pra
depois me dizer que não tem documentos?
Eu respondi que
infelizmente não estava achando o documento, que tinha certeza de que ele
estava lá, enfim; nada poderia fazer naquele momento.
Depois de esbravejar
muito e por pouco não bater em mim, no porteiro e nas pessoas que passavam pela
portaria, ele finalmente foi embora. Senti um alivio como se um grande peso saísse
das minhas costas.
Entrei em casa sem
saber como fazer pra recuperar o tal documento. Liguei pra advogada e liguei
pra agencia onde eu tinha comprado o carro. Mandaram uma lista imensa de itens
para conseguir a segunda via, mas eu continuava a procurar dentro de casa. Eu
tinha certeza de que ele estava lá.
No dia seguinte antes
de sair, troquei de bolsa. Quando estava tirando tudo de dentro de uma bolsa
pra colocar em outra, lá estava ele. O tal do DUT. Ele devia estar lá todo o
tempo e provavelmente, na minha ansiedade de encontrar, eu não encontrei.
Acontece.
Em resumo; Eu acredito
que meu carro não gostou de quem seria seu novo dono e resolveu se fazer de
feio (ele é lindo) trapacear a documentação e torcer pra não ser aceito.
Conseguiu. E quer
saber? Ele tinha toda a razão. Merece um dono melhor.
Um comentário:
Olha Isolda,
você tá certa quando diz que carro não se vende como um livro. Certa vez meu pai quis vender um automóvel e apareceu um comprador, geralmente desconhecidos que juram serem seus melhores amigos, e queria efetuar a compra em uma sexta, sendo que seu cheque só seria descontado na segunda, quando o carro já estivesse longe (seria entregue na sexta)! Como meu pai não concordou, ele perguntou: não confia em um homem?
Infelizmente nos dias de hoje não dá pra confiar em ninguém apenas pelo olhar ou pelo sexo, se é o que ele quis dizer! No seu caso, o cara veio procurar você porque ele quis, você não mandou busca-lo onde ele morava, nem prometeu um baú de tesouro, apenas ofereceu um carro que, claro, ele só optaria em comprar depois que visse o objeto!
E tem mais, você é uma abençoada mesmo, por tudo que já sabemos (pelos dons que tem) e também por ter se livrado disso aí! A gente nunca sabe o mal de qual nos livramos, mas como diz uma canção: "elas por elas decidi, vai ser preciso esquecer para viver em paz...", então bola pra frente, campeã!
Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com
Um forte abraço a todos!
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